segunda-feira, 21 de março de 2011

Controle os políticos antes que os políticos controlem você

O título foi extraido de alguns blogs e sites, como o blog do Milton Jung, jornalista da Radio CBN, que lançou a campanha "Adote um Vereador".

Então o tema hoje é política? Parece estranho para um blog que fala de iniciativas sustentáveis?

Apesar de ser um tema denso e por vezes controverso, se interessar por política faz parte de uma agenda sustentável séria. Isto porque são nossos políticos, incluindo Tiririca e Paulo Maluf, só para citar alguns, que fazem as leis que regem nossas vidas, incluindo decisões sobre emissões de Gases do Efeito Estufa, Educação de base, Preservação ambiental, Linhas de crédito para Projetos Sustentáveis, entre tantos outros exemplos.

Portanto é insustentável se preocupar com política somente no dia da eleição, ou na escolha do candidato. Além disso, quantos de nós votamos em candidatos que não foram eleitos ou em candidatos que mesmo eleitos, abriram mão de seu papel legislativo, para assumir um cargo executivo?

A idéia hoje é disseminar um exercício, que pode ser feito de diferentes formas. Este exercício é relativamente simples, porém requer o cumprimento de algumas etapas organizacionais importantes, como seguir uma receita de bolo.
Siga os passos abaixo e se envolva:

Exercício Adote um Político - Tipo 1

O Tipo 1 é um bom jeito de começar a acompanhar a agenda de um político, usando ferramentas já organizadas.

Você pode encontrar algumas delas nos seguintes endereços:

www.institutoagora.org.br
ou
http://vereadores.wikia.com/wiki

Em vereadores.wikia você pode se juntar a diversas outras pessoas que já "adotaram" um vereador e ajudar a produzir informações relevantes sobre a atividade dos mesmos, assim como se inteirar sobre as propostas.

Vale a pena, tirar 10 minutos do seu dia para escolher um político e se inteirar sobre a agenda dele.


Exercício Adote um Político - Tipo 2

O Tipo 2 é mais indicado para pessoas que sempre se envolvem em conversas sobre mudança política em rodas de amigos e fica imaginando o que fazer para usar tudo de bom que foi gerado na conversa, para agir, ao invés de somente debater entre amigos.

A sugestão para se "adotar" um político usando o Tipo 2 de abordagem, é justamente usar a força comunitária que já está criada, (entre amigos) e estabelecer uma rotina e ferramentas de acompanhamento, dos políticos selecionados.

Pode-se dessa maneira, definir uma escala para acompanhamento (municipal/estadual/federal) e cada membro escolher o que mais se identifica, assim, cada pessoa envolvida com uma escala, passa a entender melhor as funções e agendas de um vereador, deputado estadual, federal ou senador, e transmitir esse conhecimento para o resto do grupo.

O passo a passo, a seguir, pode ser uma sugestão interessante:
1)Envolva seus amigos nessa idéia;
2)Pesquisem a lista dos políticos de todas as escalas;
3)Defina quem vai se aprofundar em cada escala;
4)Escolha seu candidato para "adotar";
5)Crie uma ferramenta interativa, como um blog, para estabelecer um canal de comunicação direto entre as pessoas envolvidas no grupo;
6)Estabeleça uma rotina de alguns minutos por dia (não precisa ser mais de 10') para começar a acompanhar a agenda do seu político adotado;
7)Estabeleça encontros mensais ou quinzenais para aproveitar todas os passos feitos acima e ao invés de só falar sobre mudanças políticas entre amigos, agir com base em informações e acompanhamento reais.

Para finalizar, tanto no Tipo 1 ou 2, ou em qualquer outro Tipo que se desenvolva para acompanhar um político, temos que entender que esse acompanhamento deve ser propositivo e não apenas crítico. Ou seja, de nada adiantaria esse esforço se só ressaltassemos os mal-feitos de cada político. Esse exercício de cidadania visa termos um envolvimento cada vez mais crescente com decisões políticas, entendendo que os políticos tem a função principal de nos representar e não representar a si próprios.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A história das coisas - Tudo tem uma origem

Uma das grandes referências do trabalho realizado na Sustentrends é o site www.storyofstuff.org


O projeto "The story of stuff" foi concebido por Annie Leonard, que passou quase duas décadas de investigação, analisando e classificando práticas de produção justa, viajando para 40 países, visitando centenas de fábricas, onde objetos que compramos são manufaturados e lixões, onde objetos que compramos e não queremos mais são despejados. Testemunhando em primeira mão os efeitos terríveis de ambos, Annie é extremamente dedicada a recuperar e transformar os nossos sistemas industriais e econômicos em aliados da sustentabilidade e eqüidade social, ao invés de grandes inimigos.

O trabalho desenvolvido por Annie traz à tona uma questão muito pertinente sobre sustentabilidade: o consumidor responsável deve necessariamente ser um consumidor mais bem informado.

No entanto, a informação necessária para se tomar decisões conscientes, como as apresentadas nos videos do "The Story of Stuff" ainda não estão tão presentes no dia a dia das pessoas.

Este é certamente o maior risco de se criar uma onda pseudo-sustentável, criando-se um espaço enorme para práticas vazias, porém permeadas de apelo comercial junto ao mercado consumidor. As práticas pseudo-sustentáveis são mais conhecidas como Greenwashing, ou lavagem cerebral verde. Isto quer dizer que quando as empresas produtoras ou varejistas praticam o greenwashing elas estão meramente criando a ilusão de que o consumidor está comprando algo virtuoso, destacando uma ou duas características positivas dos produto ou prática e escondendo demais informações que poderiam comprometer o carater realmente sustentável do produto.

É muito simples entender como isso acontece. No livro Ecological Intelligence, Daniel Goleman traz um exemplo simples porém muito ilustrativo:


Certo dia ele comprou uma camiseta que tinha uma etiqueta exibindo orgulhosamente o seguinte escrito: "100% Algodão orgânico - Isto faz um mundo de diferença".
Esta etiqueta dá ao consumidor mal informado a sensação de estar fazendo bem ao mundo, quase como "quanto mais camisetas comprar, melhor o mundo vai ficar'. Investigando mais a fundo essa afirmação, bem no estilo "The Story of Stuff", ele compreendeu que a etiqueta continha, na verdade, um lado certo e errado daquele produto.
O lado correto, é que ao se usar lavoura de algodão orgânico, toneladas de pesticidas são evitados (o algodão sozinho utiliza 10% de todo o pesticida mundial). Por outro lado, são necessários 2700 litros de água para cultivar o algodão necessário para a fabricação de uma única camiseta, mostrando que o simples cultivo de algodão já implica grande impacto ambiental, mas não é só isso.
O lado negativo ou errado, embutido silenciosamente em uma simples camiseta com uma etiqueta que promete fazer toda a diferença para o mundo está em um detalhe: a camiseta adquirida era tingida de azul escuro. O processo de tingimento e tratamento do algodão inclui um pesado processo químico, que envolve substâncias como cloro, formaldeído e cromo, todos tóxicos. Para o processo de tingimento é necessário enxagues consecutivos, necessitando para isso grande volume de água e eventualmente, o lançamento das substâncias tóxicas usadas no tingimento em sistemas públicos de água e esgoto ou diretamente em rios. Além disso, epidemiologistas afirmam que há grande incidências de leucemia entre trabalhadores de fábricas de tingimento.
Na conclusão dele, a compra de uma camiseta de algodão orgânico dá a sensação de ser correta, em termos sustentáveis, somente enquanto outras características intrínsecas do processo produtivo não vem à tona, sendo no final das contas, puramente uma jogada de marketing.

Estas duas referências citadas trazem à tona a importância vital de buscarmos informações, nos certificarmos de sua origem e tomarmos decisões conscientes.

Nós da Sustentrends buscamos isso todos os dias e sabendo a importância de obter informações corretas, criamos este espaço para dividir e agregar isto na vida de todos nós.

Participe. Acompanhe.

O próximo post trará informações sobre Análise de Ciclo de Vida e consumo sustentável.