terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sustentabilidade Financeira - Critérios

Recentemente a revista Veja estampou na capa a polêmica causada por uma das maiores discussões on-line, que tratava sobre a validade ou não da construção da Hidrelétrica Belo Monte.

Pois bem, a discussão retratou números de investimento bastante generosos, e principalmente questionou o quão "limpa" é a energia produzida à partir de hidrelétricas.

Ainda não formei minha opinião à respeito de Belo Monte e alguns de vocês devem estar se perguntando: "o que isso tem a ver com o assunto Sustentabilidade Financeira?"

Tudo! Porque em poucas linhas, falei de um projeto que envolve empresas de capital aberto, instituições bancárias e sustentabilidade.

Imaginem por um segundo, se ao invés de ser uma hidrelétrica, Belo Monte tivesse sido concebida como uma Usina de energia à base de carvão? Tenho certeza que seria praticamente unânime a opinião de não se investir um único centavo neste tipo de solução. E tenho certeza que poucas pessoas questionariam os dados técnicos, pois parece quase óbvio que a matriz energética à base de carvão, seja bastante prejudicial.

Seguindo esta linha, o BankTrack.org, rede global de ONGs e pessoas que realizam o monitoramento das operações do setor financeiro privado (bancos comerciais, investidores, companhias de seguros, fundos de pensões etc) e seu efeito sobre as pessoas e o planeta, recentemente divulgou uma pesquisa inovadora, conduzida pela organização alemã Urgewald, Earthlife Africa Johannesburg e o próprio BankTrack com o título "Financiando as Alterações climáticas".

Este estudo examina empréstimos dos bancos para a indústria do carvão e usinas de energia à base de carvão e fornece uma classificação climática, sendo este o primeiro estudo abrangente sobre o tema.

Segundo Heffa Schuecking, da Urgewald, a escolha de analisar financiamentos para empresas que estejam ligadas às Usinas de Energia à base de carvão, se justifica porque, hoje, este tipo de energia é considerada uma das maiores fontes de emissão de CO2 e grande vilão para as mudanças climáticas. Apesar disso, novos projetos de Usinas à base de carvão continuam sendo colocados em prática, financiados por instituições bancárias, que de acordo com Heffa, acabam sendo co-responsáveis no fracasso das tentativas de redução do aquecimento global.

A pesquisa examinou as carteiras de financiamento de 93 dos principais bancos do mundo, considerando a relação dos mesmos com 31 das maiores empresas de mineração de carvão, que representam 44% da produção mundial de carvão e 40 produtores de energia baseada em queima de carvão, que juntos detêm mais de 50% da produção mundial dete tipo de energia. O valor total de financiamento ao mercado de carvão, fornecidas por esses bancos desde 2005 (o ano do Protocolo de Kyoto entrou em vigor), supera a 232 bilhões de euros e os dados da pesquisa ainda mostram claramente que esse número cresceu bastante, quase duplicando entre 2005 e 2010.

O estudo identificou os vinte maiores chamados "assassinos do clima" do mundo bancário, incluindo bancos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Suíça, China, Itália e Japão.

"Financiando as Alterações climáticas" foi além e mostrou um levantamento das declarações realizadas pelos bancos sobre o assunto "mudanças climáticas" e também as suas políticas climáticas existentes. Segundo Yann Louvel, do BankTrack, quase todos os vinte maiores bancos que compuseram o ranking, fizeram profundas declarações sobre o seu compromisso de combater as alterações climáticas, provando na pesquisa que nem sempre o discurso acompanha o dinheiro. Além disto, apesar de muitas instituições bancárias aderirem voluntariamente à protocolos como o Carbon Principles ou Climate Principles, na prática pouco do que pregam reflete na carteira de investimentos.

O estudo não só expõem os dados, mas também apela aos bancos para que se tornem atores responsáveis pelo clima, não só mudando suas carteiras de financiamento, abrindo mais espaço para as energias renováveis ​​e eficiência energética, mas também definindo e implementando metas ambiciosas de redução de CO2 para as emissões que são financiadas por suas instituições.

Segue abaixo a tabela dos 20 maiores financiadores de projetos do carvão. Para mais informações sobre a pesquisa acesse http://www.banktrack.org






Agora vamos supor que você esteja realmente empenhado em ser um consumidor mais consciente e sustentável. Vamos continuar supondo que o banco que você escolheu para cuidar dos seus investimentos faça parte desta lista.

Ou que o seu banco não faça parte desta lista, mas que componha carteiras ditas "sustentáveis", com participações de papéis de instituições bancárias que estejam na lista.

Qual sua responsabilidade em tudo isto?

O apelo feito por este estudo, também deve ser dirigido a todo tipo de investidor. Nós todos também temos que ser responsáveis pelas emissões que nossos investimentos geram e temos que ter consciência na hora da escolha. Temos que parar de fingir que não somos co-responsáveis ao aderirmos a uma carteira de fundos de investimentos composta por empresas que caminham contra um mundo mais sustentável.

Entenda como é gerado o retorno de seu investimento. Não se engane por carteiras e bancos ditos sustentáveis, que não são tão criteriosos na prática. Analise as empresas e os formatos que fazem parte da sua escolha.

Para fazer um mundo mais sustentável o dinheiro também tem que estar trabalhando a favor.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sustentabilidade Financeira - Introdução

Acompanhei, nos últimos anos, amigos próximos e nem tão próximos assim acumularem grandes quantias de dinheiro com aplicações incríveis, especulações e investimentos em tudo que é tipo de ações de mercado. Claro que acompanhei também muitos deles perderam grandes quantias, nas oscilações das bolsas.

Mesmo assim, preciso confessar, que estar de fora deste movimento é um tanto quanto angustiante: ao mesmo tempo que eu não tenho a ganância de enriquecer a qualquer custo, gostaria de ter mais recursos para investir em projetos que façam o mundo melhor e me tragam também cada vez mais qualidade de vida.

Comecei a entender que para eu conseguir ter a tranquilidade de lidar com investimentos financeiros sem culpa, eu teria que colocar em prática algo que chamei de “Sustentabilidade Financeira”.

Para fazer isto, resolvemos fazer a nossa lição de casa: estamos estudando e pesquisando todo tipo de informação sobre investimentos, taxas, retornos, riscos para poder formar um acervo de informações relevantes, antes de tomar qualquer decisão.

No meio deste exercício, me lembrei de uma experiência que vivi este ano:

Recentemente, tive a oportunidade de assistir uma palestra, com o diretor de uma grande empresa, que atua no ramo de Shopping Centers.

Durante o início da palestra, o diretor contou como a empresa é estruturada de maneira enxuta e eficiente, como cresce à taxas astronômicas, como é um bom negócio para os acionistas, etc. Parecia extremamente sedutor adquirir ações daquela empresa e fazer parte do grande negócio que estava sendo construído de maneira impecável.

Mas na continuação da narrativa do diretor, comecei a perceber alguns indícios de que aquela empresa (como milhões de outras) era movida simplesmente por resultados financeiros, muito provavelmente colocando o resultado gerado aos acionistas bastante acima do bem estar das pessoas envolvidas no dia-a-dia da gestão da empresa.

E este ponto específico, me fez parar e realmente pensar sobre como seria investir em uma empresa com esse perfil, levando em consideração o meu perfil.

No final da palestra, estava convencida que nunca poderia investir um centavo em uma empresa como aquela.

Esta experiência me fez perceber a linha tênue que separa os valores pessoais dos valore$ financeiros:

- Quantos de nós realiza investimentos financeiros, não se baseando somente nas taxas de retorno e risco?

-Quantos de nós procura observar que empresa faz parte de um fundo de ações que se diz “eco-alguma coisa”, para ter certeza que a carteira é realmente sustentável?

-Quantos de nós procura entender que ser mais sustentáveis diariamente, inclui também o que fazemos com nosso dinheiro e onde investimos?

De hoje até o Natal, iremos publicar no nosso blog a continuação deste post, com muitos dados, pesquisas, opiniões, para que todos vocês possam compartilhar conosco nossa busca pela Sustentabilidade Financeira.

Acompanhe!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um lixo para chamar de seu

Vamos falar de lixo.

Um assunto que a maioria das pessoas não dá muita importância. Mas vamos pensar juntos: De quem é o lixo?

Outro dia, minha mãe estava brava. Em pleno sábado, no condomínio que meus pais moram, ela bateu boca com o lixeiro que efetuava o recolhimento da coleta seletiva. O motivo da briga, segundo minha mãe, foi porque o rapaz se recusou a levar um pneu velho para reciclagem. Minha mãe alegou falta de vontade do rapaz e disse que iria reclamar com os dirigentes do condomínio.

Quando ela terminou a história, aguardando minha solidariedade e apoio por seu esforço em tentar reciclar, procurando ser motivo de orgulho para a filha, consultora em sustentabilidade, eu apenas falei tudo o que ela não queria ouvir:

"O lixo é seu! Você consumiu, gerou e agora quer que o rapaz da coleta seletiva se torne responsável por algo que você descartou? Muito provavelmente, o serviço prestado pela empresa que ele trabalha incluia uma gama de materiais recicláveis, mas pneus poderia não fazer parte da lista e se ele levasse, provavelmente este material ficaria jogado, ou pior, seria descartado incorretamente."

Confesso que minha mãe não esperava por isso, mas compreendeu.

Acredito que seja muito possível que a maioria de nós não tenha a compreensão correta sobre o lixo que produzimos.

O lixo é de quem gera. O lixo é seu, meu, nosso. Na sua casa, o lixo é de sua responsabilidade e ponto final. A prefeitura presta um serviço, no entanto, como cidadãos mais responsáveis, temos que entender qual nossa participação neste cenário.

Aliás, temos que entender que este cenário está mudando drasticamente.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), que foi sancionada em 2010, após 21 anos de tramitação no Congresso, promete provocar uma revolução ambiental no nosso país. Talvez a mudança mais comentada e seja a extinção dos lixões até 2014.

Resumindo, a PNRS passa a diferenciar resíduos (tudo o que pode ser reaproveitado e reciclado), de rejeito (o que não pode ser reaproveitado), além de diferenciar tipos de resíduos, como doméstico, industrial, construção civil entre outros.

Os principais objetivos desta lei são entre outros: a não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos; destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos; diminuição do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo) no processo de produção de novos produtos; aumento da reciclagem no país; e geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis.

A PNRS institui o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, e o consumidor, bem como fabricantes e distribuidores passam a fazer parte disto. Ai entra também a chamada logística reversa, que são ações realizadas visando facilitar o retorno dos resíduos aos seus geradores, para que possam ser tratados ou reaproveitados no ciclo produtivo.

Neste cenário novo, o cidadão passa a ter um papel decisivo e sua responsabilidade no descarte de lixo aumenta.

Claro que junto com a PNRS tem que haver um forte plano compartilhado entre prefeituras, governos estaduais e federal e muito investimento em educação e estrutura para reciclagem e logística reversa. O governo federal promete investir R$ 1,5 bilhão em projetos de tratamento de resíduos sólidos, na substituição de lixões e implantação da coleta seletiva e no financiamento de cooperativas de catadores.
Para mais informações sobre o PNRS, acesse a fonte dos dados deste post o Portal EcoD.

http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/politica-nacional-de-residuos-solidos-e-sancionada




Mas vamos começar fazendo nossa parte e entendendo melhor nosso papel.

1-Se você é do tipo de pessoa que vai às compras e escolhe o produto por alguns benefícios como cor, sabor, modelo, e preço somente, inclua na sua análise um item simples, mas que faz muita diferença: Procure comprar produtos com menos embalagens!

2-Você até tenta separar o lixo reciclável como latas e garrafas, mas no seu prédio ou bairro não existe um programa de coleta seletiva e eventualmente (senão quase sempre) alguns itens que poderiam ser reciclados, acabam indo para a lixeira comum, procure um posto de reciclagem de itens simples (vidro/papel/metal/plástico), no caminho da sua casa ou do seu trabalho. Não se gasta mais do que 5 minutos entregando seu material reciclável em um coletor de materiais recicláveis.

3-Se você foi além, já compra materiais com pouca embalagem, separa seus lixos recicláveis básicos (vidro, papel, latas e plásticos), entregando-os no entreposto de coleta próximo à sua casa ou trabalho, mas ainda assim vive com dúvidas de como descartar outros materiais e não acha locais ou informações apropriadas, acesse o

http://www.madeinforest.com/?reciclagem







Iniciativa do Made in Forest, a Central de reciclagem é um grande portal de reciclagem que oferece não só informações sobre o tipo de descarte, como também a empresa mais próxima que recolhe o material descartado. Apresenta também pontos de entrega de materiais (PEM) e pontos de compra de materiais (POC). Uma excelente opção para descartar corretamente materias dos mais diversos.