quinta-feira, 16 de junho de 2011

CONAR contra greenwashing

Uma ótima notícia publicada pela Agência Estado: "Publicidade brasileira não deverá mais enaltecer os atributos “verdes” de um produto ou serviço se as empresas não puderem comprovar essas qualidades"

Na semana passada foi definido um conjunto de regras para regulamentar publicidade com apelos sustentáveis e estas regras entrarão em vigor à partir de 1º de Agosto.

Segue abaixo a matéria prublica pela Agência Estado:


"O objetivo é coibir a banalização da propaganda sobre o tema e evitar que o consumidor fique confuso em relação ao que é um produto verde ou sustentável. "Um anúncio que cite a sustentabilidade deve conter apenas informações ambientais passíveis de verificação e comprovação", diz a norma. Segundo Gilberto Leifert, presidente do Conar, não se trata de um boicote a esse tipo de publicidade.

"Não estamos buscando punir essas empresas, mas sim elevar o nível da publicidade sobre sustentabilidade", diz. Leifert ressalta que países como Canadá, França e Inglaterra já limitam a publicidade ambiental, com o objetivo de reduzir o chamado greenwashing - termo que define a propaganda enganosa de atributos verdes de produtos ou serviços.

De acordo com as novas recomendações, as empresas também devem seguir critérios ao anunciar benefícios sociais e ambientais de determinados produtos. "Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais", segundo os critérios. As empresas que descumprirem as normas ficam sujeitas a punições que variam de advertência à suspensão da campanha publicitária e divulgação pública do descumprimento da regulamentação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo"



Apesar do pouco alarde desta notícia, nós da Sustentrends consideramos uma das melhores atitudes para combater o "Greenwashing". Essas regras, vão estimular as empresas a confiar mais em cientistas do que em marketeiros, quando o assunto for sustentabilidade.

O que significa que este será um grande passo, para os executivos entendeream de maneira mais acertiva, que ser sustentável não se trata de descobrir um artifício de marketing para ressaltar benefícios sustentáveis muitas vezes inexistentes, para vender mais, mas sim de realmente implantar uma estratégia corporativa em sustentabilidade, orientando a empresa e informando seu consumidor com a verdade.

Excelente notícia! Vamos ficar de olho e ajudar a denunciar ao Conar propagandas enganosas!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vamos às compras sustentáveis

Acreditamos que ser sustentável, como cidadão, não é simplesmente uma decisão que se toma do dia para a noite. Não é possível fazer promessa de ano novo, para se tornar mais "ecologicamente correto" e as coisas, como mágica, acontecerem.

Ser um cidadão sustentável é ser um cidadão mais consciente. A sustentabilidade é um processo e requer dedicação e comprometimento diário, que envolvem pequenas atitudes e grandes mudanças.

Vamos à um exemplo prático: compras de supermercado.

Enquanto a Lei que exterminou o uso de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais, causa divergência de opinões, entre leigos e entendidos do assunto, existem muitos outros pontos que devem receber atenção, para uma compra rotineira ser mais consciente e sustentável.

Recentemente, fui às compras, para comprar material de limpeza para minha casa. A lista era bastante simples: sabão em pó, detergente, amaciante, sabão em pedra, desinfetante, sapólio liquido e Candida.

Quando entrei no corredor de um supermecado do meu bairro, comecei a analisar todos os produtos similares. Devo confessar que mesmo trabalhando com consultoria em sustentabilidade, não sabia qual sabão em pó escolher, fiquei em dúvida quanto ao amaciante também e questionei o tipo de detergente que colocaria em meu carrinho de compras.

Os motivos para mim ficaram muito evidentes: muitas marcas, estampam em suas embalagens, com letras garrafais, um ou outro benefício relacionado à sustentabilidade, mas nenhum deixou claro e explicíto, os reais valores dos componentes químicos, da formulação do produto. Seria algum componente proibido na Europa ou EUA? Seria algum componente altamente cancerígeno? Houve melhoria do processo de fabricação, evitando a utilização de químicos altamente poluentes? Isso me dava a clara impressão que eu estava sendo enganada por algum marketeiro mal intencionado, que tentava passar a sensação que eu poderia estar salvando o mundo por comprar um produto altamente prejudicial ao meio ambiente e a minha inocente empregada.

Pois bem, fica aqui minha dívida com o leitor: prometo entregar nas próximas publicações uma lista comparativa, destacando reais valores sustentáveis dos produtos de limpeza que citei acima.

Mas o objetivo deste post é levantar outra questão importante sobre consumo sustentável: está na hora do greenwashing dar lugar às informações sérias. O consumidor necessita de informações consistentes para poder tomar suas decisões de compra. E isto está sendo deixado para a área de marketing, enquanto deveria estar na mão de bio-químicos e engenheiros de produção e processos e até mesmo toxicologistas.

O que isto realmente significa? Significa que os fabricantes de produtos devem abrir os olhos para iniciativas que tragam informações reais para o consumidor, porque os consumidores vão exigir cada vez mais informação embasada em fatos.

Um exemplo de que isto não é apenas opinião de quem está envolvido com o assunto, nos EUA foi desenvolvido o Goog Guide. (www.goodguide.com)



O Good Guide (versão disponível somente em ingles) é um guia de produtos on-line e com aplicativo para iPhone, voltado para o consumidor comum, que classifica produtos de consumo diário, baseado em três critérios básicos: socialmente corretos, ambientalmente corretos e saudáveis e foi fundado em 2007 por Dara O'Rourke, professor de política ambiental e do trabalho da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Dara é um dos líderes mundiais especialistas acadêmicos em cadeias globais de fornecimento. Segundo Dara, os produtos tem muitas vezes ocultos histórias perturbadoras - vestuário elegante, feito nas fábricas asiáticas utilizando mão de obra semi-escrava, ou produtos de cuidados com o bebê que contenham produtos químicos cancerígenos. Dara percebeu o quão pouco sabemos sobre os produtos que levamos para nossas casas todos os dias, muitas vezes com informações não disponíveis, muito complexas de entender, ou tendenciosas, com afirmações infundadas de que os produtos são naturais ou seguros.

Reunindo um time de cientistas de renome mundial, composto por toxicologistas, químicos, especialistas em análise de ciclo de vida e até nutricionistas, o Good Guide ranqueou milhares de produtos desde alimentação, produtos de limpeza, papelaria, produtos para bebes, entre outros, sempre se baseando no tripé saúde-social-ambiental.

Vale a pena entrar site e dar uma olhada no ranking de produtos que parecem tão inofensivos. Saber o que se consome, e consumir com consciência é um grande passo para se tornar um cidadão mais sustentável.