terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sustentabilidade Financeira - Critérios

Recentemente a revista Veja estampou na capa a polêmica causada por uma das maiores discussões on-line, que tratava sobre a validade ou não da construção da Hidrelétrica Belo Monte.

Pois bem, a discussão retratou números de investimento bastante generosos, e principalmente questionou o quão "limpa" é a energia produzida à partir de hidrelétricas.

Ainda não formei minha opinião à respeito de Belo Monte e alguns de vocês devem estar se perguntando: "o que isso tem a ver com o assunto Sustentabilidade Financeira?"

Tudo! Porque em poucas linhas, falei de um projeto que envolve empresas de capital aberto, instituições bancárias e sustentabilidade.

Imaginem por um segundo, se ao invés de ser uma hidrelétrica, Belo Monte tivesse sido concebida como uma Usina de energia à base de carvão? Tenho certeza que seria praticamente unânime a opinião de não se investir um único centavo neste tipo de solução. E tenho certeza que poucas pessoas questionariam os dados técnicos, pois parece quase óbvio que a matriz energética à base de carvão, seja bastante prejudicial.

Seguindo esta linha, o BankTrack.org, rede global de ONGs e pessoas que realizam o monitoramento das operações do setor financeiro privado (bancos comerciais, investidores, companhias de seguros, fundos de pensões etc) e seu efeito sobre as pessoas e o planeta, recentemente divulgou uma pesquisa inovadora, conduzida pela organização alemã Urgewald, Earthlife Africa Johannesburg e o próprio BankTrack com o título "Financiando as Alterações climáticas".

Este estudo examina empréstimos dos bancos para a indústria do carvão e usinas de energia à base de carvão e fornece uma classificação climática, sendo este o primeiro estudo abrangente sobre o tema.

Segundo Heffa Schuecking, da Urgewald, a escolha de analisar financiamentos para empresas que estejam ligadas às Usinas de Energia à base de carvão, se justifica porque, hoje, este tipo de energia é considerada uma das maiores fontes de emissão de CO2 e grande vilão para as mudanças climáticas. Apesar disso, novos projetos de Usinas à base de carvão continuam sendo colocados em prática, financiados por instituições bancárias, que de acordo com Heffa, acabam sendo co-responsáveis no fracasso das tentativas de redução do aquecimento global.

A pesquisa examinou as carteiras de financiamento de 93 dos principais bancos do mundo, considerando a relação dos mesmos com 31 das maiores empresas de mineração de carvão, que representam 44% da produção mundial de carvão e 40 produtores de energia baseada em queima de carvão, que juntos detêm mais de 50% da produção mundial dete tipo de energia. O valor total de financiamento ao mercado de carvão, fornecidas por esses bancos desde 2005 (o ano do Protocolo de Kyoto entrou em vigor), supera a 232 bilhões de euros e os dados da pesquisa ainda mostram claramente que esse número cresceu bastante, quase duplicando entre 2005 e 2010.

O estudo identificou os vinte maiores chamados "assassinos do clima" do mundo bancário, incluindo bancos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Suíça, China, Itália e Japão.

"Financiando as Alterações climáticas" foi além e mostrou um levantamento das declarações realizadas pelos bancos sobre o assunto "mudanças climáticas" e também as suas políticas climáticas existentes. Segundo Yann Louvel, do BankTrack, quase todos os vinte maiores bancos que compuseram o ranking, fizeram profundas declarações sobre o seu compromisso de combater as alterações climáticas, provando na pesquisa que nem sempre o discurso acompanha o dinheiro. Além disto, apesar de muitas instituições bancárias aderirem voluntariamente à protocolos como o Carbon Principles ou Climate Principles, na prática pouco do que pregam reflete na carteira de investimentos.

O estudo não só expõem os dados, mas também apela aos bancos para que se tornem atores responsáveis pelo clima, não só mudando suas carteiras de financiamento, abrindo mais espaço para as energias renováveis ​​e eficiência energética, mas também definindo e implementando metas ambiciosas de redução de CO2 para as emissões que são financiadas por suas instituições.

Segue abaixo a tabela dos 20 maiores financiadores de projetos do carvão. Para mais informações sobre a pesquisa acesse http://www.banktrack.org






Agora vamos supor que você esteja realmente empenhado em ser um consumidor mais consciente e sustentável. Vamos continuar supondo que o banco que você escolheu para cuidar dos seus investimentos faça parte desta lista.

Ou que o seu banco não faça parte desta lista, mas que componha carteiras ditas "sustentáveis", com participações de papéis de instituições bancárias que estejam na lista.

Qual sua responsabilidade em tudo isto?

O apelo feito por este estudo, também deve ser dirigido a todo tipo de investidor. Nós todos também temos que ser responsáveis pelas emissões que nossos investimentos geram e temos que ter consciência na hora da escolha. Temos que parar de fingir que não somos co-responsáveis ao aderirmos a uma carteira de fundos de investimentos composta por empresas que caminham contra um mundo mais sustentável.

Entenda como é gerado o retorno de seu investimento. Não se engane por carteiras e bancos ditos sustentáveis, que não são tão criteriosos na prática. Analise as empresas e os formatos que fazem parte da sua escolha.

Para fazer um mundo mais sustentável o dinheiro também tem que estar trabalhando a favor.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sustentabilidade Financeira - Introdução

Acompanhei, nos últimos anos, amigos próximos e nem tão próximos assim acumularem grandes quantias de dinheiro com aplicações incríveis, especulações e investimentos em tudo que é tipo de ações de mercado. Claro que acompanhei também muitos deles perderam grandes quantias, nas oscilações das bolsas.

Mesmo assim, preciso confessar, que estar de fora deste movimento é um tanto quanto angustiante: ao mesmo tempo que eu não tenho a ganância de enriquecer a qualquer custo, gostaria de ter mais recursos para investir em projetos que façam o mundo melhor e me tragam também cada vez mais qualidade de vida.

Comecei a entender que para eu conseguir ter a tranquilidade de lidar com investimentos financeiros sem culpa, eu teria que colocar em prática algo que chamei de “Sustentabilidade Financeira”.

Para fazer isto, resolvemos fazer a nossa lição de casa: estamos estudando e pesquisando todo tipo de informação sobre investimentos, taxas, retornos, riscos para poder formar um acervo de informações relevantes, antes de tomar qualquer decisão.

No meio deste exercício, me lembrei de uma experiência que vivi este ano:

Recentemente, tive a oportunidade de assistir uma palestra, com o diretor de uma grande empresa, que atua no ramo de Shopping Centers.

Durante o início da palestra, o diretor contou como a empresa é estruturada de maneira enxuta e eficiente, como cresce à taxas astronômicas, como é um bom negócio para os acionistas, etc. Parecia extremamente sedutor adquirir ações daquela empresa e fazer parte do grande negócio que estava sendo construído de maneira impecável.

Mas na continuação da narrativa do diretor, comecei a perceber alguns indícios de que aquela empresa (como milhões de outras) era movida simplesmente por resultados financeiros, muito provavelmente colocando o resultado gerado aos acionistas bastante acima do bem estar das pessoas envolvidas no dia-a-dia da gestão da empresa.

E este ponto específico, me fez parar e realmente pensar sobre como seria investir em uma empresa com esse perfil, levando em consideração o meu perfil.

No final da palestra, estava convencida que nunca poderia investir um centavo em uma empresa como aquela.

Esta experiência me fez perceber a linha tênue que separa os valores pessoais dos valore$ financeiros:

- Quantos de nós realiza investimentos financeiros, não se baseando somente nas taxas de retorno e risco?

-Quantos de nós procura observar que empresa faz parte de um fundo de ações que se diz “eco-alguma coisa”, para ter certeza que a carteira é realmente sustentável?

-Quantos de nós procura entender que ser mais sustentáveis diariamente, inclui também o que fazemos com nosso dinheiro e onde investimos?

De hoje até o Natal, iremos publicar no nosso blog a continuação deste post, com muitos dados, pesquisas, opiniões, para que todos vocês possam compartilhar conosco nossa busca pela Sustentabilidade Financeira.

Acompanhe!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um lixo para chamar de seu

Vamos falar de lixo.

Um assunto que a maioria das pessoas não dá muita importância. Mas vamos pensar juntos: De quem é o lixo?

Outro dia, minha mãe estava brava. Em pleno sábado, no condomínio que meus pais moram, ela bateu boca com o lixeiro que efetuava o recolhimento da coleta seletiva. O motivo da briga, segundo minha mãe, foi porque o rapaz se recusou a levar um pneu velho para reciclagem. Minha mãe alegou falta de vontade do rapaz e disse que iria reclamar com os dirigentes do condomínio.

Quando ela terminou a história, aguardando minha solidariedade e apoio por seu esforço em tentar reciclar, procurando ser motivo de orgulho para a filha, consultora em sustentabilidade, eu apenas falei tudo o que ela não queria ouvir:

"O lixo é seu! Você consumiu, gerou e agora quer que o rapaz da coleta seletiva se torne responsável por algo que você descartou? Muito provavelmente, o serviço prestado pela empresa que ele trabalha incluia uma gama de materiais recicláveis, mas pneus poderia não fazer parte da lista e se ele levasse, provavelmente este material ficaria jogado, ou pior, seria descartado incorretamente."

Confesso que minha mãe não esperava por isso, mas compreendeu.

Acredito que seja muito possível que a maioria de nós não tenha a compreensão correta sobre o lixo que produzimos.

O lixo é de quem gera. O lixo é seu, meu, nosso. Na sua casa, o lixo é de sua responsabilidade e ponto final. A prefeitura presta um serviço, no entanto, como cidadãos mais responsáveis, temos que entender qual nossa participação neste cenário.

Aliás, temos que entender que este cenário está mudando drasticamente.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), que foi sancionada em 2010, após 21 anos de tramitação no Congresso, promete provocar uma revolução ambiental no nosso país. Talvez a mudança mais comentada e seja a extinção dos lixões até 2014.

Resumindo, a PNRS passa a diferenciar resíduos (tudo o que pode ser reaproveitado e reciclado), de rejeito (o que não pode ser reaproveitado), além de diferenciar tipos de resíduos, como doméstico, industrial, construção civil entre outros.

Os principais objetivos desta lei são entre outros: a não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos; destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos; diminuição do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo) no processo de produção de novos produtos; aumento da reciclagem no país; e geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis.

A PNRS institui o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, e o consumidor, bem como fabricantes e distribuidores passam a fazer parte disto. Ai entra também a chamada logística reversa, que são ações realizadas visando facilitar o retorno dos resíduos aos seus geradores, para que possam ser tratados ou reaproveitados no ciclo produtivo.

Neste cenário novo, o cidadão passa a ter um papel decisivo e sua responsabilidade no descarte de lixo aumenta.

Claro que junto com a PNRS tem que haver um forte plano compartilhado entre prefeituras, governos estaduais e federal e muito investimento em educação e estrutura para reciclagem e logística reversa. O governo federal promete investir R$ 1,5 bilhão em projetos de tratamento de resíduos sólidos, na substituição de lixões e implantação da coleta seletiva e no financiamento de cooperativas de catadores.
Para mais informações sobre o PNRS, acesse a fonte dos dados deste post o Portal EcoD.

http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/politica-nacional-de-residuos-solidos-e-sancionada




Mas vamos começar fazendo nossa parte e entendendo melhor nosso papel.

1-Se você é do tipo de pessoa que vai às compras e escolhe o produto por alguns benefícios como cor, sabor, modelo, e preço somente, inclua na sua análise um item simples, mas que faz muita diferença: Procure comprar produtos com menos embalagens!

2-Você até tenta separar o lixo reciclável como latas e garrafas, mas no seu prédio ou bairro não existe um programa de coleta seletiva e eventualmente (senão quase sempre) alguns itens que poderiam ser reciclados, acabam indo para a lixeira comum, procure um posto de reciclagem de itens simples (vidro/papel/metal/plástico), no caminho da sua casa ou do seu trabalho. Não se gasta mais do que 5 minutos entregando seu material reciclável em um coletor de materiais recicláveis.

3-Se você foi além, já compra materiais com pouca embalagem, separa seus lixos recicláveis básicos (vidro, papel, latas e plásticos), entregando-os no entreposto de coleta próximo à sua casa ou trabalho, mas ainda assim vive com dúvidas de como descartar outros materiais e não acha locais ou informações apropriadas, acesse o

http://www.madeinforest.com/?reciclagem







Iniciativa do Made in Forest, a Central de reciclagem é um grande portal de reciclagem que oferece não só informações sobre o tipo de descarte, como também a empresa mais próxima que recolhe o material descartado. Apresenta também pontos de entrega de materiais (PEM) e pontos de compra de materiais (POC). Uma excelente opção para descartar corretamente materias dos mais diversos.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sustentabilidade = Transparência

Após um longo tempo longe do blog da Sustentrends, estamos de volta!

Este periodo de afastamento nos rendeu muita informação, adquiridas não somente por muita pesquisa, mas também (e principalmente) por experiências compartilhadas. Agregamos a tudo isto, uma estadia de um mês do outro lado do mundo, mais precisamente na Nova Zelândia e definitivamente temos muita coisa para contar.

Vamos recomeçar fazendo um link com um dos nossos últimos posts "Vamos às compras sustentáveis", para não perder o embalo: Precisamos de mais informações para nos tornarmos consumidores, e mais do que isso, cidadãos conscientes. Ferramentas claras que nos permitam saber as origens e destinações do que consumimos, devem ser disponibilizadas por agentes isentos e de maneira completa, porém simplificada (para compreensão do consumidor leigo).

Temos que ter em mente sempre, que o assunto "Sustentabilidade" NÃO PODE SER RESERVA DE MERCADO. Ou seja, por principio, assuntos relativos às estratégias sustentáveis devem ser cada vez mais divulgados e estimulados. E é esse o papel que mais nos impulsiona a fazer nosso trabalho.

Já mencionei no nosso blog, uma empresa americana que vem exercendo um grande papel nesse cenário: o Good Guide. Eles acreditam que melhor informação pode transformar o mercado consumidor. Assim, quanto mais os consumidores compram produtos melhores (para a saúde, meio ambiente e para as pessoas envolvidas na produção/venda), mais os produtores e varejistas se encontrarão estimulados a disponibilizar produtos seguros, sustentáveis e produzidos seguindo padrões éticos, tanto em relação à matéria prima, quanto à mão de obra.

Claro que não podemos esquecer de somar isso à consciência do consumo, ou seja, temos que começar a consumir produtos melhores, mas de maneira otimizada e não descontrolada.

Pois bem, sabendo que existe informação disponível (ainda que não em português), continuei fazendo um exercício (assim como fiz com os produtos de limpeza) para saber mais sobre o que consumo. Resolvi fazer uma pesquisa dos produtos cosméticos que venho utilizando. Iniciei pela minha maquiagem.

O Good Guide disponibiliza mais de 29.000 produtos de maquiagem cadastrados em seu banco de dados. Os critérios de classificação do site são bastante completos e ainda passa por evoluções, mas simplificando um pouco para o leitor, existem 3 critérios principais; ambiental, saúde e social. Cada um destes critérios recebe notas de 1 a 10 e a pontuação do produto é a média dos três. Para pontuar cada item, uma infinidade de profissionais como químicos, biólogos, sociólogos, físicos etc., participam do processo. Para avaliar a ação dos compostos quimicos dos produtos, por exemplo, fontes renomadas como o www.scorecard.org são utilizadas, mas também se considera uma pontuação de corte para a falta de informações. Ou seja, isto força o fabricante a ser mais claro na descrição da composição química, se não quiser receber uma nota mais baixa em seu produto. A consequência que esperamos é a TRANSPARÊNCIA.

Encontrei então a base para rosto que eu uso, marca MAC:


Fiquei surpresa!

Fui mais a fundo para entender o que gerava a nota tão baixa no item Health (4.0).



Então li a lista de ingredientes controversos. Entre todos, vou destacar a descrição de dois deles, que apesar de levantarem baixo nível de preocupação, acredito que toda mulher em idade reprodutiva deveria ser informada.

Ingrediente controverso: Dióxido de Titânio
-Este ingrediente levanta um baixo nível de preocupação com a saúde, segundo a classificação GoodGuide.
-Este ingrediente é suspeito de causar câncer, de acordo com fontes compilados pelo Scorecard (www.scorecard.org)
-Este ingrediente é suspeito de causar toxicidade reprodutiva, de acordo com fontes compilados pelo Scorecard (www.scorecard.org)


Ingrediente controverso: Phenoxyethanol
-Este ingrediente levanta um baixo nível de preocupação com a saúde, segundo a classificação GoodGuide.
-Este ingrediente é suspeito de causar problemas de crescimento, de acordo com fontes compilados pelo Scorecard (www.scorecard.org)
-Este ingrediente é suspeito de causar toxicidade reprodutiva, de acordo com fontes compilados pelo Scorecard (www.scorecard.org)
-Este ingrediente é proibido para utilização em cosméticos no Japão.

Após isto, analisei os itens Environment e Society, ambos com notas baixas também. A minha conclusão foi que este, definitivamente, não é um produto que eu considero apropriado, nem para meu uso, nem para a sociedade e muito menos para o meio ambiente e na próxima compra definitivamente vou procurar uma alternativa para substitui-lo e muito provavelmente será de outra marca.

Imaginem milhões de consumidoras fazendo o mesmo?

Imaginem a força que informações como esta podem gerar no mercado?

A conclusão é simples:
Quer ser mais sustentável no seu dia a dia?
Procure informações sobre o que você anda consumindo.

Se não encontrar, peça ao fabricante/lojista.

Não gostou da informação que recebeu e está desconfiado?
Divulgue, argumente, traga para nós, compartilhe.

O que não podemos mais, como cidadãos, é ignorar o que esta por trás de cada item que utilizamos!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Limpando os produtos de limpeza

Recentemente, publicamos um post sobre dúvidas na hora de comprar produtos para limpeza. Após um pouco de pesquisa, conseguimos uma lista com alguns componentes químicos que devemos evitar, como segue abaixo:


* BUTIL CELLOSOLVE - Butil Celossolve é um produto químico que se encontra em uma ampla variedade de agentes de limpeza doméstica - limpadores de vidro, limpadores de forno, desengraxantes em geral, removedores de mancha, purificadores de ar e limpeza do tapete, entre outras coisas. É um líquido incolor com um doce, odor de éter. Também é conhecido como o butil glicol, Dowanol, e etileno glicol éter monobutílico (Egbe)
Alguns estudos em animais indicam que ele produz problemas reprodutivos, tais como danos testicular, redução da fertilidade, a morte de embriões e defeitos de nascimento. Em humanos, pode irritar as mucosas e causar danos ao fígado e rins. Butil Celossolve também é uma neurotoxina que pode deprimir o sistema nervoso e causar uma variedade de problemas associados.

* FORMALDEÍDO - Altamente tóxico, carcinogênico, irritante dos olhos, pele e trato respiratório. Pode causar náusea, cefaléias, sangramento nasal, tonturas, perda de memória e falta de ar. Comumente encontrado em odorizadores de ambiente, limpadores de forno, anti-mofos.

* PERCLOROETILENO - Carcinogênico, danifica fígado, rins e sistema nervoso. Pode ser encontrado em limpadores para carpetes e tapetes.

* DESTILADOS DE PETRÓLEO - altamente inflamáveis, e podem causar câncer de pele ou pulmões.Pode ser encontrado em lustra móveis.

* FENOL - Inflamável e corrosivo. Em contato com a pele causa queimaduras e descamação. Pode causar convulsões, colapso circulatório, coma e até a morte. Encontrado em odorizadores de ambiente, lustra móveis.

* TRICLOROETILENO (TRI) - Irritante da pele e olhos, depressor do SNC. Causa danos ao fígado e rins. Pode ser encontrado em desentupidores de ralo.

* Alquil sulfonatos: São absorvidos pela pele, e causam danos ao fígado. Podem ser encontrados em sabão em pó e detergentes

e mais:
* GLICOL
* CRESOL
* ÁCIDO HIDROCLÓRICO
* ÁCIDO HIDROFLÓRICO
* LIXÍVIA
* NAFTALINA
* PARADICLOROBENZENOS
* ÁCIDO FOSFÓRICO
* PROPELENTES
* ÁCIDO SULFÚRICO

Agora, você deve estar pensando: "Vai dar trabalho, mas com todos esses riscos apresentados, vou tentar prestar mais atenção, imprimir este post e levar ao mercado na hora da compra, para tentar comparar o rótulo de composição com a lista acima".

E ai, vamos nos deparar com um outro desafio, talvez até maior do que estar atento ao que não deveríamos por para dentro das nossas casas.

Para iniciar esta pesquisa básica dos componentes químicos, fui até minha lavanderia, separei algumas embalagens de produtos de limpeza e as coloquei na mesa do escritório para analisar seus componentes. Para minha triste surpresa, (e limitação pela falta de conhecimentos bio-químicos) percebi que a composição descrita no rótulo trazia algumas informações pouco claras para mim, como mostro a seguir:

Produto: Fabulon- facilitador para passar roupas
Composição:Amido, Alcool, Etoxilado, Veículo (?????), Coadjuvantes (??????) perfume e conservante.

Então, não desisti e resolvi pesquisar na internet a ficha completa da composicão do produto, conforme segue parte do documento abaixo:


Um pouco mais curiosa, tentei investigar mais a fundo o componente que aparece com a "caveirinha" e achei algumas informações sérias:

fonte: www.oswaldocruz.br/download/fichas/Borato%20de%20sódio2003.pdf
"Efeitos potenciais para a saúde
Por inalação: causa irritação no trato respiratório. Sintomas podem incluir tosse e dificuldade respiratória.
Por Ingestão: Pode causar náuseas, vômitos e espasmos musculares, diarréia, letargia, depressão circulatória, depressão do sistema nervoso central, choque, dano renal, coma, e morte. Dose Letal estimada em 15 a 20 gramas.
Contato com a pele: causa irritação na pele. Os sintomas incluem vermelhidão, prurido e dor. Pode ser absorvido através da pele.
Contato com os olhos: causa irritação, vermelhidão e dor.
Exposição crônica: ingestão ou absorção cutânea prolongadas e repetidas podem causar anorexia, perda de peso, vômitos, diarréia leve, convulsões e anemia."

Fiquei imaginando, de novo, na minha "ignorância" bio-química, quantas camisas e calças minha família já vestiu, colocando este componente diretamente em contato com a pele, o dia inteiro, sem imaginarmos se isso de fato é ou não prejudicial a nossa saúde.

A conclusão que cheguei é que não somos capazes de saber o que estamos consumindo, ou despejando no meio ambiente, sem informações claras. E é exatamente isso que temos que reinvidicar: Informações claras e diretas, de preferência, no ponto de venda, que é onde podemos escolher, comparar e decidir.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

CONAR contra greenwashing

Uma ótima notícia publicada pela Agência Estado: "Publicidade brasileira não deverá mais enaltecer os atributos “verdes” de um produto ou serviço se as empresas não puderem comprovar essas qualidades"

Na semana passada foi definido um conjunto de regras para regulamentar publicidade com apelos sustentáveis e estas regras entrarão em vigor à partir de 1º de Agosto.

Segue abaixo a matéria prublica pela Agência Estado:


"O objetivo é coibir a banalização da propaganda sobre o tema e evitar que o consumidor fique confuso em relação ao que é um produto verde ou sustentável. "Um anúncio que cite a sustentabilidade deve conter apenas informações ambientais passíveis de verificação e comprovação", diz a norma. Segundo Gilberto Leifert, presidente do Conar, não se trata de um boicote a esse tipo de publicidade.

"Não estamos buscando punir essas empresas, mas sim elevar o nível da publicidade sobre sustentabilidade", diz. Leifert ressalta que países como Canadá, França e Inglaterra já limitam a publicidade ambiental, com o objetivo de reduzir o chamado greenwashing - termo que define a propaganda enganosa de atributos verdes de produtos ou serviços.

De acordo com as novas recomendações, as empresas também devem seguir critérios ao anunciar benefícios sociais e ambientais de determinados produtos. "Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais", segundo os critérios. As empresas que descumprirem as normas ficam sujeitas a punições que variam de advertência à suspensão da campanha publicitária e divulgação pública do descumprimento da regulamentação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo"



Apesar do pouco alarde desta notícia, nós da Sustentrends consideramos uma das melhores atitudes para combater o "Greenwashing". Essas regras, vão estimular as empresas a confiar mais em cientistas do que em marketeiros, quando o assunto for sustentabilidade.

O que significa que este será um grande passo, para os executivos entendeream de maneira mais acertiva, que ser sustentável não se trata de descobrir um artifício de marketing para ressaltar benefícios sustentáveis muitas vezes inexistentes, para vender mais, mas sim de realmente implantar uma estratégia corporativa em sustentabilidade, orientando a empresa e informando seu consumidor com a verdade.

Excelente notícia! Vamos ficar de olho e ajudar a denunciar ao Conar propagandas enganosas!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vamos às compras sustentáveis

Acreditamos que ser sustentável, como cidadão, não é simplesmente uma decisão que se toma do dia para a noite. Não é possível fazer promessa de ano novo, para se tornar mais "ecologicamente correto" e as coisas, como mágica, acontecerem.

Ser um cidadão sustentável é ser um cidadão mais consciente. A sustentabilidade é um processo e requer dedicação e comprometimento diário, que envolvem pequenas atitudes e grandes mudanças.

Vamos à um exemplo prático: compras de supermercado.

Enquanto a Lei que exterminou o uso de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais, causa divergência de opinões, entre leigos e entendidos do assunto, existem muitos outros pontos que devem receber atenção, para uma compra rotineira ser mais consciente e sustentável.

Recentemente, fui às compras, para comprar material de limpeza para minha casa. A lista era bastante simples: sabão em pó, detergente, amaciante, sabão em pedra, desinfetante, sapólio liquido e Candida.

Quando entrei no corredor de um supermecado do meu bairro, comecei a analisar todos os produtos similares. Devo confessar que mesmo trabalhando com consultoria em sustentabilidade, não sabia qual sabão em pó escolher, fiquei em dúvida quanto ao amaciante também e questionei o tipo de detergente que colocaria em meu carrinho de compras.

Os motivos para mim ficaram muito evidentes: muitas marcas, estampam em suas embalagens, com letras garrafais, um ou outro benefício relacionado à sustentabilidade, mas nenhum deixou claro e explicíto, os reais valores dos componentes químicos, da formulação do produto. Seria algum componente proibido na Europa ou EUA? Seria algum componente altamente cancerígeno? Houve melhoria do processo de fabricação, evitando a utilização de químicos altamente poluentes? Isso me dava a clara impressão que eu estava sendo enganada por algum marketeiro mal intencionado, que tentava passar a sensação que eu poderia estar salvando o mundo por comprar um produto altamente prejudicial ao meio ambiente e a minha inocente empregada.

Pois bem, fica aqui minha dívida com o leitor: prometo entregar nas próximas publicações uma lista comparativa, destacando reais valores sustentáveis dos produtos de limpeza que citei acima.

Mas o objetivo deste post é levantar outra questão importante sobre consumo sustentável: está na hora do greenwashing dar lugar às informações sérias. O consumidor necessita de informações consistentes para poder tomar suas decisões de compra. E isto está sendo deixado para a área de marketing, enquanto deveria estar na mão de bio-químicos e engenheiros de produção e processos e até mesmo toxicologistas.

O que isto realmente significa? Significa que os fabricantes de produtos devem abrir os olhos para iniciativas que tragam informações reais para o consumidor, porque os consumidores vão exigir cada vez mais informação embasada em fatos.

Um exemplo de que isto não é apenas opinião de quem está envolvido com o assunto, nos EUA foi desenvolvido o Goog Guide. (www.goodguide.com)



O Good Guide (versão disponível somente em ingles) é um guia de produtos on-line e com aplicativo para iPhone, voltado para o consumidor comum, que classifica produtos de consumo diário, baseado em três critérios básicos: socialmente corretos, ambientalmente corretos e saudáveis e foi fundado em 2007 por Dara O'Rourke, professor de política ambiental e do trabalho da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Dara é um dos líderes mundiais especialistas acadêmicos em cadeias globais de fornecimento. Segundo Dara, os produtos tem muitas vezes ocultos histórias perturbadoras - vestuário elegante, feito nas fábricas asiáticas utilizando mão de obra semi-escrava, ou produtos de cuidados com o bebê que contenham produtos químicos cancerígenos. Dara percebeu o quão pouco sabemos sobre os produtos que levamos para nossas casas todos os dias, muitas vezes com informações não disponíveis, muito complexas de entender, ou tendenciosas, com afirmações infundadas de que os produtos são naturais ou seguros.

Reunindo um time de cientistas de renome mundial, composto por toxicologistas, químicos, especialistas em análise de ciclo de vida e até nutricionistas, o Good Guide ranqueou milhares de produtos desde alimentação, produtos de limpeza, papelaria, produtos para bebes, entre outros, sempre se baseando no tripé saúde-social-ambiental.

Vale a pena entrar site e dar uma olhada no ranking de produtos que parecem tão inofensivos. Saber o que se consome, e consumir com consciência é um grande passo para se tornar um cidadão mais sustentável.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Acompanhe o voto do seu politico no novo Código Florestal

Mais uma vez, estamos nas mãos de políticos que nem sempre representam os valores e idéias do eleitor:

Veja se o seu deputado federal votou de acordo com seus príncipios:

http://www.camara.gov.br/internet/votacao/mostraVotacao.asp?ideVotacao=4653&numLegislatura=54&codCasa=1&numSessaoLegislativa=1&indTipoSessaoLegislativa=O&numSessao=123&indTipoSessao=E&tipo=partido



Se não votou (o que é bem provável neste caso), aproveite para mandar um email para seu deputado/a e mostrar sua insatisfação

Saiba mais abaixo:

'Emenda 164 é uma vergonha para o Brasil', diz Vacarezza
Vanessa Barbosa - Portal Exame - 25/05/2011

Após a aprovação do novo Código Florestal pelo plenário da Câmara, os deputados passaram ao pleito da emenda 164, apresentada pelo PMDB. A medida dá poder aos estados para definir política ambiental e trata de áreas utilizadas irregularmente em áreas de preservação permanente (APPs) em margens de rios. Ela foi aprovada à meia noite, mas não sem resistência do PV, do Psol, do PT e do líder do governo na Câmara.

Grosso modo, a emenda diz que caberá aos estados decidir sobre a obrigação ou não dos agricultores rurais que desmataram área de proteção permanente em suas propriedades até 2008. Segundo o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo Dilma na Câmara, a posição da presidência da República sobre a proposta em votação é bem clara.

"Segundo a presidente Dilma, a emenda 164 é uma vergonha para o Brasil", disse Vaccarezza. De acordo com o governo, continuou o deputado, ela muda a essência do projeto do relator do Código, Aldo Rebelo, que determina a recuperação de áreas degradas para propriedades com mais de quatro módulos fiscais e exime as menores da obrigação de reconstituir a vegetação retirada.

O líder do governo foi além, dizendo que a presidente Dilma espera um voto de confiança do parlamento para que a emenda proposta para o Código pudesse ser melhorada ao seguir para apreciação no Senado. Para endossar, o pedido do governo, Vaccarenzza fez questão de lembrar que muitos dos deputados da oposição, que votaram pela aprovação do Código e agora querem aprovar a emenda 164, foram eleitos nas eleições do ano passado na mesma chapa da presidente Dilma Rousseff.

"Nós fomos eleitos com a presidente Dilma, foi na mesma chapa da Dilma que estava Henrique Eduardo Alves, Paulo Teixeira, o relator. Será que vamos derrotar o governo agora?". O pronunciamento de Vaccarezza foi alvo de vaias e críticas de deputados, que consideraram a declaração do líder do governo uma espécie de ameaça ou tentaiva de retaliação àqueles que forem contrários à posição oficial.

Favorável à emenda 164, o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), sustentou que vergonha "é um representante do primeiro escalão do governo estar sob suspeita e não prestar contas, é fazer tudo por meio de decreto, até definir o valor do salário mínimo, e não deixar o parlamento cumprir seu papel".

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Fórum de Sustentabilidade da Amazônia e suas consequências

No final de março desde ano, o Fórum de Sustentabilidade da Amazônia se encerrou. Os participantes, incluindo políticos, cientistas, indíos e empresarios, assinaram a Carta do Amazonas.




Este documento destaca o papel da Floresta Amazônica para o planeta, tanto sob o ponto de vista ambiental como também pelo valor cultural e traz um alerta sobre ações e atividades predatórias ocorridas na região amazônica, explorando a população e extrativismo local.

No entanto, uma primeira ação, em termos de novos negócios, deveria fazer todos nós nos questionarmos: dois gigantes do comércio varejista, o Grupo Pão de Açucar e WalMart anunciaram parcerias em compra de pescado do Amazonas, incluindo espécies como Pirarucu e Tambaqui, tendo o Pão de açucar anunciado a compra de 4 toneladas de Tambaqui da reserva extrativista de Mamirauá, para comercializar em suas lojas de São Paulo. Segundo Hugo Benthlem, vice-presidente do Pão de Açucar "É um primeiro passo, pois vamos comercializar o peixe principalmente nas lojas de São Paulo. Mas também é um grande passo, porque vamos voltar aqui pra desenvolver junto aos produtores, junto aos frigoríficos, não só o peixe, mas todos os produtos que são produzidos de maneira sustentável".

Então, vem o questionamento: sustentabilidade também deve levar em consideração um item muito importante - a capacidade de consumo e desenvolvimento locais. Sendo explorado por grandes grupos varejistas, teremos a garantia de um real desenvolvimento local, ou isso irá se reverter mais uma vez em exploração predatória e descontrolada, deixando ainda um rastro de CO2 pelo caminho, com a ineficiência logistica para percorrer os quase 4000km que separam a capital Amazônica da Paulista?

Outra questão que pode ser levantada: Os negócios foram intermediados pelo FAS (Fundação Amazonas Sustentável), criada pelo Governo do Amazonas de forma mista, com o Bradesco e Coca-Cola. E a pergunta é : Como a sociedade pode ajudar a garantir que instituições gigantescas, como Coca Cola e Bradesco, que trabalham a longo tempo com foco em gestão de resultados financeiros, zelem por um bem maior, que não tenham a sustentabilidade apenas como fachada ou jogada de marketing?

As respostas para estes questionamentos não existem ainda, e mais do que simplesmente ficar na torcida para que as ações estabelecidas no Fórum não tenham efeito paliativo, devemos acompanhar de perto para garantir que o efeito positivo de todas as ações decididas entre grandes personalidades mundiais seja de fato aplicado.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Controle os políticos antes que os políticos controlem você

O título foi extraido de alguns blogs e sites, como o blog do Milton Jung, jornalista da Radio CBN, que lançou a campanha "Adote um Vereador".

Então o tema hoje é política? Parece estranho para um blog que fala de iniciativas sustentáveis?

Apesar de ser um tema denso e por vezes controverso, se interessar por política faz parte de uma agenda sustentável séria. Isto porque são nossos políticos, incluindo Tiririca e Paulo Maluf, só para citar alguns, que fazem as leis que regem nossas vidas, incluindo decisões sobre emissões de Gases do Efeito Estufa, Educação de base, Preservação ambiental, Linhas de crédito para Projetos Sustentáveis, entre tantos outros exemplos.

Portanto é insustentável se preocupar com política somente no dia da eleição, ou na escolha do candidato. Além disso, quantos de nós votamos em candidatos que não foram eleitos ou em candidatos que mesmo eleitos, abriram mão de seu papel legislativo, para assumir um cargo executivo?

A idéia hoje é disseminar um exercício, que pode ser feito de diferentes formas. Este exercício é relativamente simples, porém requer o cumprimento de algumas etapas organizacionais importantes, como seguir uma receita de bolo.
Siga os passos abaixo e se envolva:

Exercício Adote um Político - Tipo 1

O Tipo 1 é um bom jeito de começar a acompanhar a agenda de um político, usando ferramentas já organizadas.

Você pode encontrar algumas delas nos seguintes endereços:

www.institutoagora.org.br
ou
http://vereadores.wikia.com/wiki

Em vereadores.wikia você pode se juntar a diversas outras pessoas que já "adotaram" um vereador e ajudar a produzir informações relevantes sobre a atividade dos mesmos, assim como se inteirar sobre as propostas.

Vale a pena, tirar 10 minutos do seu dia para escolher um político e se inteirar sobre a agenda dele.


Exercício Adote um Político - Tipo 2

O Tipo 2 é mais indicado para pessoas que sempre se envolvem em conversas sobre mudança política em rodas de amigos e fica imaginando o que fazer para usar tudo de bom que foi gerado na conversa, para agir, ao invés de somente debater entre amigos.

A sugestão para se "adotar" um político usando o Tipo 2 de abordagem, é justamente usar a força comunitária que já está criada, (entre amigos) e estabelecer uma rotina e ferramentas de acompanhamento, dos políticos selecionados.

Pode-se dessa maneira, definir uma escala para acompanhamento (municipal/estadual/federal) e cada membro escolher o que mais se identifica, assim, cada pessoa envolvida com uma escala, passa a entender melhor as funções e agendas de um vereador, deputado estadual, federal ou senador, e transmitir esse conhecimento para o resto do grupo.

O passo a passo, a seguir, pode ser uma sugestão interessante:
1)Envolva seus amigos nessa idéia;
2)Pesquisem a lista dos políticos de todas as escalas;
3)Defina quem vai se aprofundar em cada escala;
4)Escolha seu candidato para "adotar";
5)Crie uma ferramenta interativa, como um blog, para estabelecer um canal de comunicação direto entre as pessoas envolvidas no grupo;
6)Estabeleça uma rotina de alguns minutos por dia (não precisa ser mais de 10') para começar a acompanhar a agenda do seu político adotado;
7)Estabeleça encontros mensais ou quinzenais para aproveitar todas os passos feitos acima e ao invés de só falar sobre mudanças políticas entre amigos, agir com base em informações e acompanhamento reais.

Para finalizar, tanto no Tipo 1 ou 2, ou em qualquer outro Tipo que se desenvolva para acompanhar um político, temos que entender que esse acompanhamento deve ser propositivo e não apenas crítico. Ou seja, de nada adiantaria esse esforço se só ressaltassemos os mal-feitos de cada político. Esse exercício de cidadania visa termos um envolvimento cada vez mais crescente com decisões políticas, entendendo que os políticos tem a função principal de nos representar e não representar a si próprios.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A história das coisas - Tudo tem uma origem

Uma das grandes referências do trabalho realizado na Sustentrends é o site www.storyofstuff.org


O projeto "The story of stuff" foi concebido por Annie Leonard, que passou quase duas décadas de investigação, analisando e classificando práticas de produção justa, viajando para 40 países, visitando centenas de fábricas, onde objetos que compramos são manufaturados e lixões, onde objetos que compramos e não queremos mais são despejados. Testemunhando em primeira mão os efeitos terríveis de ambos, Annie é extremamente dedicada a recuperar e transformar os nossos sistemas industriais e econômicos em aliados da sustentabilidade e eqüidade social, ao invés de grandes inimigos.

O trabalho desenvolvido por Annie traz à tona uma questão muito pertinente sobre sustentabilidade: o consumidor responsável deve necessariamente ser um consumidor mais bem informado.

No entanto, a informação necessária para se tomar decisões conscientes, como as apresentadas nos videos do "The Story of Stuff" ainda não estão tão presentes no dia a dia das pessoas.

Este é certamente o maior risco de se criar uma onda pseudo-sustentável, criando-se um espaço enorme para práticas vazias, porém permeadas de apelo comercial junto ao mercado consumidor. As práticas pseudo-sustentáveis são mais conhecidas como Greenwashing, ou lavagem cerebral verde. Isto quer dizer que quando as empresas produtoras ou varejistas praticam o greenwashing elas estão meramente criando a ilusão de que o consumidor está comprando algo virtuoso, destacando uma ou duas características positivas dos produto ou prática e escondendo demais informações que poderiam comprometer o carater realmente sustentável do produto.

É muito simples entender como isso acontece. No livro Ecological Intelligence, Daniel Goleman traz um exemplo simples porém muito ilustrativo:


Certo dia ele comprou uma camiseta que tinha uma etiqueta exibindo orgulhosamente o seguinte escrito: "100% Algodão orgânico - Isto faz um mundo de diferença".
Esta etiqueta dá ao consumidor mal informado a sensação de estar fazendo bem ao mundo, quase como "quanto mais camisetas comprar, melhor o mundo vai ficar'. Investigando mais a fundo essa afirmação, bem no estilo "The Story of Stuff", ele compreendeu que a etiqueta continha, na verdade, um lado certo e errado daquele produto.
O lado correto, é que ao se usar lavoura de algodão orgânico, toneladas de pesticidas são evitados (o algodão sozinho utiliza 10% de todo o pesticida mundial). Por outro lado, são necessários 2700 litros de água para cultivar o algodão necessário para a fabricação de uma única camiseta, mostrando que o simples cultivo de algodão já implica grande impacto ambiental, mas não é só isso.
O lado negativo ou errado, embutido silenciosamente em uma simples camiseta com uma etiqueta que promete fazer toda a diferença para o mundo está em um detalhe: a camiseta adquirida era tingida de azul escuro. O processo de tingimento e tratamento do algodão inclui um pesado processo químico, que envolve substâncias como cloro, formaldeído e cromo, todos tóxicos. Para o processo de tingimento é necessário enxagues consecutivos, necessitando para isso grande volume de água e eventualmente, o lançamento das substâncias tóxicas usadas no tingimento em sistemas públicos de água e esgoto ou diretamente em rios. Além disso, epidemiologistas afirmam que há grande incidências de leucemia entre trabalhadores de fábricas de tingimento.
Na conclusão dele, a compra de uma camiseta de algodão orgânico dá a sensação de ser correta, em termos sustentáveis, somente enquanto outras características intrínsecas do processo produtivo não vem à tona, sendo no final das contas, puramente uma jogada de marketing.

Estas duas referências citadas trazem à tona a importância vital de buscarmos informações, nos certificarmos de sua origem e tomarmos decisões conscientes.

Nós da Sustentrends buscamos isso todos os dias e sabendo a importância de obter informações corretas, criamos este espaço para dividir e agregar isto na vida de todos nós.

Participe. Acompanhe.

O próximo post trará informações sobre Análise de Ciclo de Vida e consumo sustentável.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Trabalho de Minhoca

Se todos os dias ao acordar ou antes de dormir você se pergunta o que é e o que não é uma vida sustentável, não se ache anormal. Muita gente tem se perguntado isso.

A resposta pronta, no entanto, não existe. A sensação de levar uma vida sustentável vem com o tempo, quando pequenas atitudes do seu dia a dia passam a ser conscientes e realizadas com base em conceitos mais amplos e menos imediatistas.

E isso talvez seja uma grande regra: quanto mais atitudes simples e conscientes você tomar na sua vida diária, mais perto de uma vida sustentável você estará.

Isso parece simples e sem resultado, mas é como o trabalho de minhoca! Não se espante com a comparação, ela tem uma razão clara, muito compreensível para os sábios do campo, mas pouco visível para os urbanos de plantão. Explico:

-Há quatro meses, depois de um pouco de pesquisa, resolvi adquirir um minhocário para colocar no meu apartamento. Para quem não conhece, um minhocário é uma composteira de lixo orgânico, desenvolvida para ser utilizada em ambientes fechados como casas, escritórios e apartamentos. Ela consiste em 3 pequenos containers plásticos, sobrepostos interligados entre si por micro furos e por ser hermeticamente vedado, o sistema não produz mal cheiro no ambiente. Quando se compra um minhocário, uma matriz inicial de minhocas já vem junto e o funcionamento é muito simples: o container de cima coleta o resíduo orgânico, o do meio realiza a compostagem e o de baixo, coleta o churume gerado, que diluido em água é um adubo incrível. Os micro furos são para as minhocas poderem circular livremente entre os containers e realizar seu silencioso e incrível trabalho: transformar 30 kg de resíduos orgânicos mensais em humus e adubo líquido.



E ai se explica a comparação: eu praticamente não vejo as minhocas fazerem seu trabalho, é silencioso, simples e completo. No entanto muito eficiente.

Após os quatro meses, deixei de jogar aproximadamente 100kg de resíduos orgânicos no lixo, gerei adubo de excelente qualidade para minha pequena horta orgânica da minha varanda, presenciei uma explosão demográfica do meu minhocário, vendo o nascimento de centenas de pequenas minhocas e colhi um pé de manga que se desenvolveu dentro de um dos containers. Tudo isso, de uma atitude tão simples e de trabalho de minhoca.

Viu como uma atitude simples pode fazer uma grande diferença?! Post aqui no nosso blog sua iniciativa sustentável. Vamos todos aprender juntos!

Veja mais:
http://www.moradadafloresta.org.br 
http://www.minhocasa.com
http://www.minhobox.com.br

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Palestra Pós NRF - Sustentabilidade

Hoje aconteceu o evento Pós NRF da Alshop, que contou com a participação da Sustentrends na palestra sobre sustentabilidade.

A apresentação consiste em um apanhado geral das idéias expostas durante a 100ª NRF, ocorrida em Nova Iorque, durante o mes de janeiro.

Faça o download da palestra no  http://sustentrends.com.br/documentos/Pos%20NRF%202011-blog.pdf
e caso queria mais informações, entre em contato. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

“Tendências e curiosidades de consumo” - New York City

Segundo a trendwatching.com, uma das maiores empresas do mundo focada em tendências de consumo, 2011 espera 11 tendências cruciais de consumo, entre as quais é possível destacar quatro tendências que são relativas à bem estar, negócios com foco social e sustentabilidade, entre elas: RANDOM ACTS OF KINDNESS (Ações Espontâneas de Bondade) , WELLTHY (Bem estar e saúde como Status Social), EMERGING GENEROSITY (Generosidade emergente) e ECO SUPERIOR (Superioridade Sustentável).

O que elas tem em comum é forte influência da mudança de padrões que o mundo vem sofrendo. A conectividade e as mídias sociais trouxeram uma sensação de próximidade, sendo possível compartilhar a vida online, com um único clique, no entanto cada vez mais, as pessoas precisam sentir o contato humano. A população mundial está se tornando cada vez mais urbana, sendo atualmente 3 bilhões de pessoas vivendo em centros urbanos, taxa que cresce aproximadamente 60 milhões por ano, mas o desejo de resgatar valores simples como alimentação natural e saudável é crescente. Conceitos de luxo, status social e conforto já não são mais os mesmos. E até o real sentido da procura por sustentablidade está mudando.

Em Nova Iorque, um dos  berços do mundo de tendências, é possível observar um pouco de tudo isso colocado em prática, mas é preciso entender até que ponto os valores não estão se perdendo em iniciativas vazias e apenas amparadas por boas campanhas de marketing.

Quando se olha para a história das construções sustentáveis em Nova Iorque, fica mais fácil entender como essa cidade famosa por abrigar pessoas de todo o mundo e criar tendências em moda, consumo e estilo de vida, lidera também o ranking de construções sustentáveis nos Estados Unidos.

Segundo o Urban Green Council, segmento do U.S. Green Building Council em Nova Iorque, a história de construção sustentável na cidade foi iniciada em 1992, com uma série de renovações do histórico Schermerhorn Building, desenvolvida pelo Croxton Collaborative Architects. Essa mesma empresa desenvolveu também renovações em vários andares do edificio do Natural Resources Defense Council, em 1998, considerada essa a primeira construção sustentável da cidade, com o uso de eficiencia energética, otimização da iluminação, melhora da qualidade do ar e da qualidade de vida dos ocupantes do edificio.

E esse foi o começo de muitas outras ações que levaram  New York City a aprovar a Local Law 86, em 2005, requerendo que a maioria dos edificios públicos ou financiados pela iniciativa pública adquirissem o certifcado Silver do LEED (www.usgbc.org), lei que gera a expectativa de movimentar mais de U$12 bilhões em contruções sustentaveis até 2017.

Ha apenas três anos atrás,  em dezembro de  2007, o prefeito Michael R. Bloomberg lançou o PlaNYC, um plano sustentável para NYC com 127 itens que comprometem a cidade a reduzir emissões de gases de efeito estufa, em aproximadamente 30%, até 2030.

Claro que todas essas ações relativas à construção civil afetam diretamente o comportamento do consumidor e consequente as estratégias para o varejo. Em Nova Iorque é possível encontrar com facilidade, sorvete orgânico, pão orgânico, mercados de bairro com gôndolas de destaque para produtos locais e redes de fast food se estabelecendo para atender à demanda desse novo mercado.

A recém inaugurada 4Food, por exemplo, é uma rede de fast food que promete entregar ao consumidor hamburgueres saudáveis, 100% naturais, de produção local, dentro de um menu sustentável. A primeira loja da rede na Madison Avenue, ainda mescla uma arquitetura minimalista, (diferenciada das redes tradicionais americanas), com tecnologia, colocando nos balcões de refeições iPads à disposição dos clientes.

Em Nova Iorque, a questão de alimentação saudável e orgânica é quase uma febre. A proposta de home made, produção local e sustentabilidade pode ser percebida tanto em grandes redes supermercadistas como o Whole Foods, que tem, por exemplo,  etiqueta especial de gôndola para indicar produtos de procedência local, como também em Farmers Markets, feiras livres que trazem o próprio produtor vendendo seu produto diretamente ao consumidor final.

Aliás essas feiras, diferentes das feiras livres que temos no Brasil, trazem uma gama muito variada de produtos, aparentemente produzidos em pequena escala, com segredos de produção, cultivos e preparo, passados de geração a geração remetendo a feiras européias medievais em plena Manhatan. Em 2009, esse segmento teve um crescimento de 13%  em todos os Estados Unidos e triplicou de tamanho nos últimos 15 anos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Bem vindos

Na semana passada foi realizado em NY um dos maiores congressos de varejo do mundo, o 100º Big Retail Show. Nesta edição, pela 1ª vez, aconteceu um seminário especial sobre o tema Sustentabilidade e estivemos presentes para conferir o que foi apresentado.

Dar as boas vindas a todos, trazendo as informações discutidas nesse seminário, bem como nossa visão de NYC, uma das cidades americanas com projetos mais ousados em termos sustentáveis, seria uma excelente forma de iniciar nosso blog que tem por objetivo trazer informações relevantes sobre consumo e sustentabilidade.

No entanto, mais do que trazer fatos importantes, o objetivo desse espaço é gerar compreensão, análise e discussão do que há por trás das notícias, tendências, fatos e acontecimentos. Por exemplo, qual a real visão do consumidor sobre valores sustentáveis? Quais as melhores práticas em sustentabilidade que efetivamente apresentam resultados comprovados? Quais são as grandes mudanças que realmente deverão ocorrer nos próximos anos em comportamento de consumo?

Vamos construir essas respostas juntos.

Sejam todos bem-vindos. Acompanhem nosso blog, aproveitem e colaborem!